Conjuntivite alérgica pode afetar até 30% das crianças e adolescentes
A conjuntivite alérgica se caracteriza pela inflamação da conjuntiva, tecido que reveste a parte da frente do globo ocular. De acordo com estudo da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) casos de conjuntivite alérgica em crianças e adolescentes são cada vez mais prevalentes
Entre os principais fatores de risco estão a predisposição genética a alergias em geral e possuir outras alergias, como rinite, sinusite e dermatite. Por outro lado, o aumento da prevalência da conjuntivite alérgica entre crianças e adolescentes pode ser resultado do estilo de vida moderno. O contato com alimentos cada vez mais industrializados e com ambientes poluídos são algumas razões das crises de conjuntivite alérgica frequentes.
Conjuntivite alérgica costuma ser diagnostica tardiamente
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, boa parte das crianças que são atópicas, ou seja, alérgicas, apresentam sintomas oculares. “Contudo, o diagnóstico da conjuntivite alérgica pode ocorrer tardiamente e isso agrava o quadro. A falta de tratamento aumenta a probabilidade de a criança ou adolescente desenvolver problemas de visão mais graves, como lesões na córnea e ceratocone”.
Há diferentes tipos de conjuntivite alérgica, baseados na origem da doença. A mais comum é a conjuntivite alérgica do tipo sazonal e/ou perene. A sazonal costuma estar ligada às mudanças do clima, de uma estação para a outra. Em geral, os sintomas duram menos de 4 semanas. A forma perene é marcada pela persistência dos sintomas por mais de 4 semanas.
Entre os principais sintomas estão:
- Coceira intensa e contínua nos olhos
- Inchaço nas pálpebras
- Inchaço da conjuntiva (quemose)
- Lacrimejamento
- Acúmulo de secreção esbranquiçada nos olhos.
A ceratoconjuntivite primaveril é um outro tipo de conjuntivite alérgica. “Embora seja a forma mais rara, é mais preocupante que a conjuntivite alérgica sazonal e perene. Cerca de 80% dos casos ocorrem em crianças menores de 10 anos. Por fim, a conjuntivite alérgica pode ocorrer após o contato com substâncias químicas e outros alérgenos. Mas essa forma não é crônica e costuma melhorar em alguns dias”, aponta Dra. Marcela.
Como é feito o diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da conjuntivite alérgica costuma ser clínico, ou seja, não é necessário realizar exames mais específicos. Uma boa maneira de diferenciar das formas infecciosas é estar atento à cor da secreção e à intensidade da coceira.
“A coceira é muito marcante e não há muita secreção, sendo essa esbranquiçada. Nas conjuntivites virais e bacteriana a secreção costuma ser amarelada ou esverdeada, produzida em grandes quantidades”, ressalta a médica.
Um outro aspecto que deve ser levado em consideração no momento do diagnóstico é o histórico de alergia da criança. “Crianças com rinite, asma e dermatite têm um risco muito aumentado de desenvolver a conjuntivite alérgica. A boa notícia é que com o passar dos anos, todas as alergias costumam melhorar. Mas, de qualquer maneira, é preciso tratar os sintomas para prevenir danos na córnea e em outras estruturas dos olhos”, acrescenta Dra. Marcela.
O tratamento medicamentoso depende do tipo de conjuntivite alérgica, da duração dos sintomas e de outros fatores. Além disso, há medidas não farmacológicas essenciais para o controle dos sintomas. Um deles é afastar a criança dos alérgenos que podem desencadear os quadros alérgicos como poeira, poluição, pelos de animais etc.
Em casa, os pais podem usar compressas frias para aliviar a coceira e colírios lubrificantes para aliviar a sensação de areia nos olhos.
Coçar os olhos pode ser perigoso
Dra. Marcela faz um alerta: coçar frequentemente os olhos pode levar ao desenvolvimento do ceratocone, uma doença que afeta córnea e em casos severos pode causar danos irreversíveis na córnea.
“Muitas pais consideram que coçar os olhos é apenas um hábito inofensivo e até fofo nas crianças. Porém, a fricção constante pode levar ao ceratocone ou ainda causar a queda da pálpebra. Portanto, ninguém, crianças ou adultos, devem coçar os olhos”.
A dica final é sempre buscar ajuda médica especializada na presença e na persistência dos sintomas de uma conjuntivite alérgica.