O que é estrabismo divergente? Quais os sinais? Como é o tratamento?
O estrabismo divergente é aquele em que os olhos se desviam para fora, em direção às orelhas. Trata-se de uma condição benigna e muito comum na infância. Todavia, precisa de tratamento para prevenir a perda da visão binocular, essencial para vermos em profundidade, bem como para enxergar imagens em 3D.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em Estrabismo, o estrabismo divergente, aquele em que o olho desvia para fora, pode ser constante ou intermitente, sendo esse último o mais comum. E o que isso quer dizer?
“Isso significa que há momentos em que os olhos estão desviados e momentos em que os olhos estão alinhados. Normalmente, esse tipo de estrabismo começa a ser observado pelos pais após o primeiro ano de vida, mas isso pode acontecer mais cedo, já nos primeiros meses após o nascimento”, comenta.
“O estrabismo divergente intermitente é o mais comum, sendo esse o motivo pelo qual os pais têm dificuldade de perceber o desvio. Em geral, o desvio fica mais evidente quando a criança está com sono, distraída ou estressada. E isso pode se tornar mais frequente com o passar do tempo, tornando o desvio cada vez mais fácil de notar”, completa Dra. Marcela.
Quais são os sinais do estrabismo divergente?
O sinal mais evidente é o desvio do olho para fora, conforme já falamos. Mesmo que o desvio ocorra de vez em quando, é preciso procurar um oftalmopediatra para avaliação, diagnóstico e tratamento.
Como é o tratamento do estrabismo divergente?
O estrabismo divergente, como a grande maioria dos estrabismos, é tratado com a cirurgia para corrigir o desvio e melhorar o alinhamento dos olhos. É a única forma de restabelecer o equilíbrio muscular e o alinhamento. O que pode ser diferente de uma criança para outra é a decisão de quando fazer a cirurgia.
“Em alguns casos, quando o estrabismo está bem compensado, ou seja, quando os pais quase não observam o desvio e a criança tem um bom controle sobre ele, é possível aguardar para fazer a cirurgia, até por volta dos 4 anos de idade.
“Contudo, é preciso que essa criança seja acompanhada de forma periódica para prevenir o surgimento da ambliopia, mais conhecida pelo termo olho preguiçoso”, explica Dra. Marcela.
A oftalmopediatra ressalta que não existe tratamento clínico para o estrabismo divergente. Muitos pais acreditam que o uso do tampão é para tratar o estrabismo. Porém, isso é um equívoco, praticamente um mito.
O uso do tampão, ou oclusão ocular, é indicado para prevenir ou ainda tratar o olho preguiçoso. Em outras palavras, o cérebro passa a ignorar a imagem captada pelo olho com o desvio. Com isso, esse olho não tem a mesma chance de se desenvolver que o olho saudável.
Com o tempo, essa supressão pode levar à perda da visão binocular, que é a capacidade de fusão das duas imagens captadas pelos olhos em uma única.
Como funciona a cirurgia para correção do estrabismo divergente?
A cirurgia para correção do estrabismo divergente tem como objetivo alinhar o eixo visual por meio da manipulação dos músculos oculares envolvidos nos movimentos do olho para fora.
“Podemos comparar os músculos oculares com as rédeas que comandam um cavalo. Esses músculos precisam estar alinhados para realizar os movimentos de forma simultânea e na mesma direção (para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita). A cirurgia visa justamente restabelecer o alinhamento e o equilíbrio desses músculos”, explica Dra. Marcela.
Acima de tudo, é essencial lembrar que o tratamento do estrabismo divergente, ou de qualquer outro estrabismo, não é estético. Isso porque o desvio pode causar prejuízos permanentes à visão.
Quando operar o estrabismo divergente?
Embora no estrabismo divergente a cirurgia possa ser mais tardia, precisa ser realizada antes dos 7 anos de idade e, preferencialmente, até por volta dos 4 anos.
A explicação é que o desenvolvimento visual acontece fora do útero e o sistema visual se completa por volta dos 7 anos. Depois dessa idade, não é mais possível recuperar a visão binocular.