Retinoblastoma é o câncer ocular mais prevalente na infância
Retinoblastoma tem como principa sinal o reflexo esbranquiçado ou amarelado no olho, é principal alerta desse tumor
Apesar de ser raro, o retinoblastoma, tumor ocular que afeta a retina, corresponde a 3% de todos os tipos de câncer que ocorrem na infância. A incidência do retinoblastoma é de 1 em cada 17 mil nascidos vivos, com cerca de 8 mil novos casos diagnosticados a cada ano, em todo o mundo
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra, especialista em estrabismo e Chefe do Serviço de Neuroftalmologia do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), entre 60 e 75% dos casos de retinoblastoma são esporádicos.
“Esse tumor acontece devido a uma mutação nas células da retina, que passam a se multiplicar de forma descontrolada. Normalmente, essa forma afeta crianças com menos de um ano de idade. Há também os casos de retinoblastoma hereditário, quando a criança herda um gene chamado RB1 de um dos pais, sendo mais prevalente após o primeiro ano de vida”, explica a médica.
“Olho de gato” é principal sinal do retinoblastoma
A manifestação mais comum e conhecida do retinoblastoma é o reflexo esbranquiçado/amarelado no olho. “A leucocoria ocorre em 60% dos casos, sendo o primeiro sinal visível do tumor. Esse reflexo pode ficar mais evidente em fotografias, mas também pode ser visto em outras situações. De qualquer maneira, é um importante sinal de alerta para levar a criança a um oftalmologista infantil”, ressalta Dra. Marcela.
Outro indício do retinoblastoma é o desvio do olho, o estrabismo, presente em cerca de 20% dos casos. A criança pode ainda apresentar redução na visão no olho afetado, dor ocular e aumento do globo ocular.
Diagnóstico e tratamento definem prognóstico do retinoblastoma
Quando o diagnóstico do retinoblastoma ocorre nas fases iniciais, o prognóstico é mais favorável. Outros aspectos importantes para o prognóstico são a localização e a presença de metástases. Em países desenvolvidos, a taxa de sobrevivência é de 95%, sendo ligeiramente menor em regiões menos desenvolvidas ou com recursos médicos escassos.
Todavia, independentemente de dados estatísticos, é fundamental aumentar o conhecimento da população em geral sobre o retinoblastoma e a importância do tratamento precoce.
De olho nos olhinhos
O retinoblastoma se tornou mais conhecido da população em geral, quando a filha dos jornalistas Thiago Leifert e Daiana Garbin, recebeu o diagnóstico de retinoblastoma, em 2022. Desde então, Thiago e Daiana lançaram uma campanha chamada “De Olho nos Olhinhos”, justamente para aumentar o conhecimento da doença e incentivar que os pais façam consultas com um oftalmologista infantil, nos primeiros anos de vida da criança.
Nos últimos anos, a campanha ocorre no mês de setembro, em referência ao Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma, instituído no dia 18 de setembro.
Tratamento do retinoblastoma
Entre os tratamentos para o retinoblastoma estão a quimioterapia, radioterapia, uso de laser, entre outras técnicas. “Em casos mais avançados, pode ser preciso remover o globo ocular, colocando uma prótese no local. Apesar de ser a última opção, muitas vezes é a única maneira de controlar o crescimento do tumor e prevenir que ele se espalhe para outras regiões”, comenta Dra. Marcela.
Saúde ocular na infância merece atenção
O principal recado para os pais é que existem inúmeros recursos para detectar, de forma precoce, doenças oculares como o retinoblastoma. Mas, para isso, é preciso levar o bebê em seus primeiros meses de vida para uma consulta de rotina com um oftalmopediatra.
“Durante os exames oftalmológicos, é possível avaliar todas as estruturas oculares, incluindo a retina, a córnea, o nervo óptico etc. Para além dessa avaliação, também podemos detectar a presença do estrabismo, da miopia e de outros erros refrativos. Um ponto relevante é que o desenvolvimento visual ocorre fora do útero e se completa por volta dos 7 anos. Sendo assim, o acompanhamento oftalmológico na infância é crucial não só para a visão, como para o desenvolvimento global da criança”, finaliza Dra. Marcela.