O que é nistagmo? Quais os sinais e sintomas?
O nistagmo é uma doença oftalmológica que causa tremores rítmicos e movimentos oculares incontroláveis. Em 80% dos casos, a condição é congênita, ou seja, está presente desde o nascimento. Mas, também pode se desenvolver ao longo da infância ou ainda pode surgir na vida adulta.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo e neuroftalmologista, o nistagmo congênito pode se desenvolver até por volta dos 6 meses de vida. “Depois dos 6 meses, consideramos como um nistagmo adquirido. Outro ponto é que pode ocorrer tanto em bebês com outros problemas na visão, como a retinopatia da prematuridade, como em crianças com a visão saudável”.
Causas e tipos
O nistagmo costuma estar associado a problemas oculares que causam perda do campo visual importante. Em geral, ocorre em crianças como retinopatia da prematuridade, catarata congênita, erros refrativos muito altos, albinismo, síndromes genéticas, problemas no nervo óptico, entre outras condições na visão.
“Estas patologias afetam a capacidade dos olhos em enviar para o cérebro as imagens captadas. Chamamos esta forma de nistagmo de sensorial, uma vez que a causa está associada ao processamento das imagens”, explica Dra. Marcela.
“Já o nistagmo motor é mais comum em crianças com a visão normal ou muito próxima do normal. Nestes casos, a causa está associada a distúrbios no nervo oculomotor, responsável por controlar os músculos responsáveis pelos movimentos dos olhos”, adiciona a especialista.
Nistagmo na vida adulta é sinal de alerta para doenças neurológicas
O nistagmo na vida adulta não é tão comum. Em contrapartida, é um sinal de alerta para doenças do sistema nervoso central, como acidentes vasculares cerebrais, esclerose múltipla, traumatismos cranianos, crises epilépticas, uso de drogas e problemas no ouvido interno.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas do nistagmo são bem característicos. A criança apresenta tremores e movimentos oculares rítmicos incontroláveis. Por outro lado, é importante ressaltar que algumas manifestações não são tão evidentes, bem como podem ser consideradas como sinais de outros problemas oftalmológicos.
“A criança com nistagmo pode ficar mais sensível à luz, sentir tonturas, ter dificuldade de enxergar em ambientes pouco iluminados e ter a sensação de enxergar as imagens tremidas. Contudo, um dos sinais mais importantes do nistagmo é a inclinação da cabeça e do pescoço, o que chamamos de torcicolo ocular”, alerta Dra. Marcela.
“O torcicolo ocular ocorre quando a criança realiza movimentos anormais com a cabeça e o pescoço, denominadas posições de bloqueio. É uma tentativa para enxergar melhor ou ainda para alcançar alguma melhora nos tremores e movimentos oculares anormais”, conta a oftalmopediatra.
Nistagmo aumenta risco de outros problemas na visão
Uma das possíveis consequências do nistagmo é o desenvolvimento de erros refrativos com graus mais elevados. Para além disto, como há um problema no processamento das imagens pelo cérebro, há um risco mais elevado do surgimento da ambliopia, popularmente conhecida pelo termo “olho preguiçoso.
“A ambliopia é mais prevalente nas crianças com na forma sensorial. Vale dizer que não a causa do olho preguiçoso não é o nistagmo, mas sim a condição que levou ao nistagmo, como a catarata congênita, por exemplo”, aponta Dra. Marcela.
Por outro lado, as crianças com nistagmo congênito motor têm uma visão normal ou muito próxima do normal.
Tratamento nem sempre é cirúrgico
O nistagmo não tem cura, mas existem alguns tratamentos, dependendo do tipo de nistagmo. “A cirurgia que temos tem como objetivo a correção das posições de bloqueio. Com isto, melhoramos o torcicolo ocular ou reduzimos a amplitude do nistagmo. Já no nistagmo sensorial, o tratamento das condições de base, como a catarata congênita, podemos alcançar uma melhora nos tremores e movimentos oculares”, comenta a médica.
“Por fim, a toxina botulínica pode ser uma alternativa para reduzir os tremores. Entretanto, como o efeito é passageiro, existe a necessidade de aplicações periódicas para manter a melhora dos movimentos oculares anormais”, finaliza Dra. Marcela.
Procure um especialista
Hoje, é cada vez mais comum o surgimento das chamadas subespecialidades na medicina. Em outras palavras, na área da oftalmologia há médicos que se especializam em determinadas doenças ou condições. No caso do nistagmo, o ideal é procurar um oftalmologista especialista em estrabismo ou ainda um neuroftalmologista.