Dicas para aplicação de colírios para tratar glaucoma
Quer dicas sobre colírios para glaucoma?
Dicas para aplicação de colírios para tratar o glaucoma – Tudo que você precisa saber
O uso de colírios para glaucoma é a principal abordagem de tratamento da doença, uma das principais causas de cegueira em todo o mundo. O objetivo destes medicamentos é controlar a pressão intraocular, para impedir novos danos no nervo óptico. O glaucoma é uma condição crônica e não tem cura. Portanto, a partir do diagnóstico, o tratamento será permanente.
A instilação dos colírios para glaucoma exige alguns cuidados especiais, que nem sempre são seguidos pelos pacientes. Como resultado, a doença pode evoluir devido ao tratamento não alcançar os objetivos esperados.
Uma pesquisa apontou que de 24 a 59% dos pacientes com glaucoma podem não obter os efeitos desejados com o tratamento à base de colírios. O principal motivo é a não adesão ao tratamento.
Falta de adesão e abandono do tratamento
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, a falta de adesão aos medicamentos para tratar o glaucoma é um problema bastante comum. Uma das primeiras barreiras é que o pacientes não costumam assumir tão facilmente que estão com dificuldades em usar os colírios.
“Em geral, a maior parte dos pacientes é idosa e sabemos que esta população tem um pouco mais de dificuldade em aplicar os colírios, seja por questões físicas ou cognitivas, como esquecimento, troca de frascos etc.”.
Com a ajuda da médica, elaboramos algumas dicas para aplicação de colírios para glaucoma. Confira abaixo.
1- Lave bem as mãos e prepare o local
O primeiro passo para aplicar o colírio é lavar bem as mãos, com água e sabão. Esta higiene é fundamental para prevenir a contaminação do bico do colírio por micro-organismos que porventura estejam nas mãos.
Escolha um local que tenha uma apoio seguro para colocar o frasco e outros itens, como lenços de papel. A superfície também deve ser limpa, já que a tampa do colírio vai ficar sobre ela. Outra dica é usar um colírio por vez para não trocar as tampas.
2- Separe o colírio e siga a prescrição
Em seguida, verifique na prescrição médica qual colírio você deve usar. Em muitos casos, é preciso usar mais de um colírio por dia. Isto pode dificultar o tratamento e levar o paciente a aplicar o colírio errado ou ainda de forma incorreta.
Quando a prescrição for de mais de dois colírios, a dica é criar um cronograma de acordo com a receita. Deixe em lugar visível, como na porta da geladeira.
3- Armazenamento e Validade
O frasco do colírio precisa ser guardado em local seco, arejado e fresco. Não guarde na geladeira, exceto se houver indicação na bula para esta forma de armazenamento. O calor excessivo e a umidade alteram o medicamento que pode perder seu efeito.
Verifique também a data de validade. Os colírios vencidos não fazem o efeito desejado. Ou seja, a pressão intraocular não será controlada e isso pode acarretar danos no nervo óptico. Em geral, os colírios após abertos vencem em 30 dias.
Por fim, existem alguns colírios que são em forma de suspensão. Estes são aqueles medicamentos que contêm um pó dentro do frasco e que são preparados quando a embalagem é aberta.
Medicamentos em forma de suspensão decantam, ou seja, a parte sólida se deposita no fundo da embalagem, algo semelhante ao que acontece com um suco de maracujá feito da fruta. Portanto, os colírios nesta apresentação devem ser agitados antes de usar para que os componentes se misturem.
4- Aplicação do colírio
- Onde aplicar
O local correto para pingar o colírio é no meio dos olhos, na região entre a pálpebra inferior e o globo ocular. Nunca aplique o colírio no canto nasal! Isto porque é o local mais contaminado do olho. É nesta região que as secreções oculares, por exemplo, se acumulam. Quando o colírio é instilado neste canto pode levar micro-organismos para dentro dos olhos e isto aumenta o risco de infecções.
- Como aplicar
Você pode aplicar o colírio em pé ou deitado, com a cabeça levemente inclinada para trás. Caso não consiga pingar sozinho, peça ajuda a alguém que tenha disponibilidade para a frequência necessária.
Com o dedo indicador puxe suavemente a pálpebra inferior até formar uma “bolsinha”. Olhe para cima e pingue uma gota. Lembre-se de que a dose de qualquer colírio é de uma única gota! Ao pingar mais de uma vez, além dos olhos não suportarem esta dosagem, o risco de efeitos colaterais aumenta.
Mantenha o frasco perpendicular aos olhos. Caso não tenha certeza de que a gota caiu, aplique novamente. Para evitar contaminações ou lesões nos olhos, não encoste o bico do colírio na pálpebra ou no globo ocular.
5- Dicas para assegurar a eficácia do colírio
Após a gota do colírio cair no olho feche-o suavemente e permaneça com o olho fechado por um ou dois minutos. O ato de piscar limpa os olhos e pode diluir o colírio, reduzindo seu efeito. O ato de apertar as pálpebras impede que o colírio entre em contato com o globo ocular, o que também impede a ação do medicamento.
Caso você use mais de um colírio no mesmo horário, aguarde de 5 a 10 minutos entre a instilação. Como no olho só há espaço para uma gota, um colírio pode anular o efeito do outro. Depois de aplicar o colírio, feche bem o frasco e guarde-o no local apropriado
6- Limpe o rosto
Alguns colírios podem causar mudanças na coloração das pálpebras, crescimento de pelos e irritação na pele. Após aplicar, limpe o excesso suavemente com um lenço de papel. Não esfregue, porque isto pode aumentar a absorção do colírio pela pele.
7- Gosto amargo na boca
Existem alguns colírios que podem deixar um gosto amargo na boca. Nestes casos, pode ser preciso pressionar levemente o canto nasal com o dedo polegar. Após a instilação, o colírio é drenado juntamente com as lágrimas por um canal perto do nariz. Este ducto alcança a rinofaringe, perto do céu da boca e isto pode causar o amargor na boca.
A compressão do canto nasal ajuda a manter o colírio no olho, melhorando seu efeito e reduzindo a absorção pelo organismo. Alguns colírios podem causar efeitos colaterais em outras partes do corpo.
8- Atenção: colírios não devem ser compartilhados!
O colírio é um medicamento que não deve ser compartilhado. Primeiro porque ele foi prescrito para o seu problema de saúde, dentro de uma série de necessidades e após a avaliação pelo seu oftalmologista. Outro aspecto é que a ponta do frasco pode encostar na mucosa do olho e causar infecções oculares.
9- Como lidar com a ardência
Alguns pacientes podem sentir uma ardência importante após aplicar o colírio. Mas isto varia, de acordo com o pH do medicamento e da lágrima do paciente. Caso a sensação de ardor seja muito intensa, converse com seu médico.
Uma maneira amenizar esse efeito é usar colírios lubrificantes, mais conhecidos como “lágrimas artificiais”. Porém, isso precisa ser feito antes de aplicar o colírio para glaucoma.
Por outro lado, é preciso muito cuidado com colírios lubrificantes, sempre optando por aqueles sem conservantes. Infelizmente, mais da metade dos pacientes com glaucoma desenvolve a síndrome do olho seco após alguns anos, justamente pela presença de conservantes presentes nos colírios usados no tratamento da doença.
A principal recomendação é seguir a prescrição e só usar outros colírios com a prescrição do seu oftalmologista.
“O tratamento do glaucoma pode prevenir a perda definitiva da visão. Hoje, os colírios representam a principal forma de controlar a pressão intraocular. Mas, para atingir os resultados esperados é preciso que o paciente se comprometa com o tratamento. Além disto, a parceria entre médico e paciente é fundamental, pois o oftalmologista precisa estar atento às dificuldades que podem surgir para garantir a adesão ao plano terapêutico”, finaliza Dra. Maria Beatriz.