Neuroproteção no Glaucoma: O que é e para que serve

Neuroproteção no Glaucoma: O que é e para que serve

 A neuroproteção no glaucoma é um dos focos principais da pesquisa e do desenvolvimento de tratamentos para a doença.

Você já ouviu falar sobre a neuroproteção no glaucoma? Trata-se de recursos que podem prevenir ou atrasar a neurodegeneração glaucomatosa. Em outras palavras, são intervenções que o médico pode usar para proteger o nervo óptico de danos e lesões causados pela doença. Outro ponto de destaque é que estas abordagens podem ser usadas independentemente dos tratamentos para controlar a pressão intraocular (PIO).

O glaucoma se caracteriza pela degeneração das células ganglionares da retina e nervo óptico, com consequente perda do campo visual periférico. Infelizmente, o glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível em todo o mundo.

Neuroproteção foi tema discutido no Congresso Mundial do Glaucoma

A neuroproteção foi um dos temas mais debatidos durante o 10º Congresso Mundial de Glaucoma, que aconteceu em Roma, na Itália, de 28 de junho a 01 de julho de 2023. A oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em Glaucoma, participou do congresso.

Segundo a médica, em muitos casos o controle da pressão intraocular não é suficiente para impedir novos danos nas células nervosas. “Por isto, as pesquisas se direcionam em encontrar tratamentos para proteger o nervo óptico e as células nervosas da retina para impedir o avanço do glaucoma”.

 Principais abordagens com foco na neuroproteção

 

  • Brimonidina

A brimonidina é uma medicamento usado para reduzir a PIO. Estudos mostraram que este fármaco aumenta a sobrevivência das células nervosas da retina, independente do controle da pressão intraocular.

Outra descoberta é que a brimonidina regula funções celulares, como crescimento neuronal, plasticidade, diferenciação e sobrevivência. Em resumo, a brimonidina protege a retina do dano isquêmico e auxilia na regeneração neural após a lesão.

  • Fator Neurotrófico Ciliar

 O Fator Neurotrófico Ciliar (CNTF) é um neuropeptídeo produzido e liberado pelas células cerebrais. Diversos estudos pré-clínicos mostraram que o CNTF aumenta a sobrevivência e a regeneração das células glanglionares da retina, afetadas por doenças como o glaucoma.

Atualmente, temos um estudo em Fase II em andamento. Os pacientes receberam um implante (dispositivo) no vítreo que libera o CNTF e estão sendo acompanhados para analisar a segurança e a eficácia.

  • Fator de Crescimento do Nervo Humano Recombinante

 O fator de crescimento do nervo humano recombinante (rhNGF) é um agente neuroprotetor com um perfil de segurança e eficácia favorável. No Brasil, já existem colírios à base de rhNGF que são usados no controle da PIO.

A novidade é que estudos demonstraram que os medicamentos desta classe podem ter efeitos neuroprotetores. O foco agora é descobrir se a neuroproteção acontece independentemente do controle da pressão intraocular.

  • Ginkgo Biloba

 O extrato de Ginkgo biloba (GBE) tem vários efeitos antioxidantes e tem sido sugerido como um agente neuroprotetor em doenças neurodegenerativas, incluindo comprometimento cognitivo e doença de Alzheimer.

A disfunção mitocondrial e o estresse oxidativo têm sido associados ao desenvolvimento da demência e do glaucoma. Devido a esta relação entre as doenças, os pesquisadores exploraram de forma semelhante os potenciais benefícios terapêuticos do GBE no glaucoma.

Um estudo apontou que pacientes com glaucoma de tensão normal, que receberam o ginko biloba, apresentaram melhora significativa nos índices de campo visual. Além do efeito antioxidante, o ginko biloba também atua como um regulador vascular, pois demonstrou melhorar o fluxo sanguíneo ocular.

  • Citicolina

 A citicolina é um composto endógeno, ou seja, produzido pelo organismo. Hoje se mostra um potencial agente terapêutico para o glaucoma. Recentemente, estudos clínicos investigaram os efeitos neuroprotetores da citicolina no glaucoma, em suas formulações de colírio intramuscular (IM), oral e tópico.

Entre os resultados, houve melhora significativa no teste de campo visual, com manutenção dos efeitos terapêuticos por pelo menos 3 meses. Houve também redução significativa na taxa de progressão glaucomatosa e melhora da função da retina.

  • Bloqueadores dos Canais de Cálcio

 Os bloqueadores dos canais de cálcio (BCCs) são fármacos usados para o controle da hipertensão arterial sistêmica. Estudos apontaram que estes medicamentos estão associados à neuroproteção do glaucoma. O principal motivo é que estes medicamentos melhoram a circulação sanguínea ocular, especialmente no nervo óptico. Outro achado é que os BCCs retardam a progressão dos defeitos no campo visual.

No entanto, alguns tipos de BCCS podem prejudicar o fluxo sanguíneos em episódios agudos de glaucoma e devem ser usados com cautela.

  • Antioxidantes

A diminuição dos níveis de antioxidantes em conjunto com o aumento do dano oxidativo dos radicais livres tem sido implicada na origem do glaucoma. Alguns estudos apontaram que os danos oxidativos causam a degeneração da malha trabecular e elevação da PIO. Como resultado, ocorre os danos no nervo óptico acarretando o glaucoma.

Portanto, as pesquisas a respeito do papel dos antioxidantes para combater os danos oxidativos são muito relevantes na área do glaucoma.

Entre os vários antioxidantes, a Coenzima Q10 (CoQ10 pode ser útil na eliminação de radicais livres e na minimização do estresse oxidativo. A nicotinamida (vitamina B3 ou NAM) também tem um perfil neuroprotetor favorável no glaucoma.

  • Inibidores de Rho-quinase

Os inibidores da Rho-quinase são uma classe terapêutica estudada há décadas para tratar o glaucoma. O principal foco seria o controle da PIO por meio da melhora do escoamento do humor aquoso.

As pesquisas avaliam a capacidade destes fármacos de aumentar o fluxo sanguíneo ocular e a sobrevida das células ganglionares da retina. Ou seja, os estudos focam hoje no efeito neuroprotetor desta classe terapêutica.

Foco ainda é na prevenção

“Apesar das pesquisas em andamento, hoje a principal arma contra o glaucoma é a prevenção. As consultas anuais com um oftalmologista para avaliar a retina, o nervo óptico e medir a pressão intraocular são essenciais para diagnosticar e tratar os danos do glaucoma de forma precoce. Isto pode impedir a progressão da doença, como novas lesões e consequente perda da visão”, finaliza Dra. Maria Beatriz.

Stratus Oftalmologia Avançada conta em seu quadro clínico com vários oftalmologistas., como Dr. Ricardo Menon Nosé, Dra. Marcela Barreira e Dra. Maria Beatriz Guerios

A clínica oftalmológica fica localizada na cidade de São Paulo, na região dos Jardins.

Para agendar sua consulta, ligue para (11) 3266-2768.

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