Glaucoma e condução de automóveis: O que você precisa saber
Glaucoma e condução de automóveis
Glaucoma é um termo usado para uma série de condições que afetam o nervo óptico levando à perda visual. Portanto, pode ser comum pensar que as pessoas com diagnóstico de glaucoma não podem dirigir.
Na verdade, glaucoma e condução de automóveis é um assunto complexo e é por isso que vamos falar um pouco mais sobre isso hoje.
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista especialista em glaucoma, nem todas as pessoas com glaucoma podem dirigir. “A condução de automóveis exige que a pessoa tenha uma boa visão com nitidez para enxergar as vias, placas de trânsito, semáforos, pedestre e outros veículos. Como o glaucoma causa perda visual, a permissão para guiar depende de alguns critérios”.
Boa visão é obrigatória para dirigir
“A condução de automóveis exige ter uma boa visão periférica (lateral). Essa visão é responsável por enxergamos os espelhos retrovisores e ter uma percepção rápida dos obstáculos laterais. Outra função é nos ajudar a lidar com as distrações enquanto dirigimos, como outros veículos, pedestres e placas de trânsito”, explica a oftalmologista.
Infelizmente, o glaucoma afeta a visão periférica. Consequentemente, quem tem glaucoma pode ter mais dificuldade em conduzir veículos. Quanto maior a alteração no campo visual, maior o risco de se envolver em acidentes.
Exame de vista é obrigatório
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) possui critérios para que uma pessoa possa tirar sua habilitação (carteira de motorista), sendo um deles o exame de vista. A visão é o principal sentido usado na hora de dirigir. É exatamente por isso que o exame de vista é obrigatório no processo da habilitação. Ou seja, qualquer doença que afeta a visão pode ser um impeditivo para dirigir.
Uma das exigências para tirar a habilitação é realizar os testes de acuidade visual e campo de visão. “O teste de acuidade visual mede a capacidade de enxergar contornos e formas dos objetos. Já o de campo visual avalia a capacidade de visão central e periférica. Para enxergar as placas de trânsito, pedestres e semáforos, por exemplo, a pessoa precisa ter uma boa visão central”, aponta Dra. Maria Beatriz.
A visão periférica é essencial para enxergar os espelhos retrovisores e movimentação ao redor do veículos. Outra exigência é que o motorista também tenha noção do espaço, distância, tamanho e profundidade.
Regras na prática
Para quem carteira A e B, que permite conduzir motos e carros, a exigência na acuidade visual é de pelo menos 20/30 em um dos olhos. “Isso significa que naquele teste em que a pessoa precisa ler o quadro das letras, a pessoa precisa enxergar até a linha do 20/30, o que corresponde à sexta linha horizontal da tabela”, cita a médica.
Já no teste de campo visual, a somatória dos dois olhos juntos precisa ser de 120 graus. Para quem trabalha e precisa da habilitação nas categorias C, D e E, as exigências são mais rigorosas.
“No teste de acuidade visual, a pessoa precisa enxergar na linha 20/30 com os dois olhos. Isso quer dizer que só enxerga com um dos olhos (visão monocular), não pode tirar carteira de motorista nessas categorias. Já no campo visual, a regra é que o campo visual em cada olho seja de no mínimo 120”, adiciona a especialista.
Cuidados redobrados
Há muitas pessoas com diagnóstico de glaucoma que ainda são habilitadas para dirigir. Mesmo assim é preciso adotar certos cuidados durante a condução de automóveis.
O glaucoma pode causar mais lentidão nas reações ao volante. Essas respostas mais lentas são consequências da extensão da perda visual que já existe.
“Uma pessoa com glaucoma pode demorar mais para perceber uma freada brusca do veículo a frente, por exemplo. Também é preciso levar em conta outros aspectos que podem representar um fator de risco para acidentes como idade, presença de erros refrativos e distrações como o celular”, alerta Dra. Maria Beatriz.
A condução de automóveis é importante e garante a independência e a autonomia, principalmente para os idosos. Por outro lado é importante avaliar se o risco compensa o benefício.
Por isso, o glaucoma e condução de automóveis deve ser uma informação presente nas consultas com o oftalmologista.