Mitos e Verdades sobre o Estrabismo – Tudo que você precisa saber
Provavelmente você já ouviu falar em vesguice, nome popular do estrabismo. A condição é muito comum na infância e pode atingir de 2 a 5% das crianças.
O desvio do eixo ocular está ligado a problemas nos músculos que controlam os movimentos oculares. Ao contrário do que se possa pensar, os olhos podem se desviar para qualquer direção: para dentro, para fora, para cima e para baixo.
Com a ajuda da oftalmopediatra, Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo, fizemos uma lista com 9 principais mitos e verdades sobre o tema. Confira.
1- O estrabismo é uma questão estética. Portanto, não precisa de tratamento.
Mito!
O desvio ocular na infância pode causar danos irreversíveis na visão binocular, responsável pela visão de profundidade e a visão em 3D, algo fundamental no dia a dia e para exercer algumas profissões.
A visão binocular se desenvolve na infância. O processo da formação das imagens que enxergamos começa com a captação de duas imagens, uma de cada olho. Essas imagens são ligeiramente diferentes em olhos saudáveis. Ao chegar ao cérebro, o órgão as funde em uma única imagem.
Contudo, quando ocorre o desvio ocular, as imagens que chegam ao cérebro são diferentes e o cérebro acaba optando pela imagem captada pelo olho saudável. O olho com o desvio acaba sendo ignorado e seu desenvolvimento é prejudicado. E assim se instala a ambliopia, popularmente chamada de “olho preguiçoso”.
Em conclusão, o tratamento do estrabismo na infância é essencial para assegurar o bom desenvolvimento da visão. Além disso, é preciso tratar o estrabismo antes dos 7 anos de idade.
2- A cirurgia de correção do desvio ocular pode ser feita em adultos. Mito ou verdade?
Verdade!
Felizmente é verdade! O estrabismo pode ser corrigido por meio de cirurgia em pessoas de qualquer idade, inclusive em adultos. Contudo, o estrabismo que surge na infância deve ser tratado e corrigido antes dos 7 anos de idade, como já falamos acima.
Nos últimos anos, vários estudos científicos apontaram que a cirurgia de correção do estrabismo em adultos traz melhoras na visão binocular, além dos benefícios emocionais como melhora da qualidade de vida.
3- O tampão é usado para tratar o desalinhamento do eixo visual
Mito!
Quase todo mundo pensa que o tampão trata o estrabismo! Mas isso é um mito que precisa ser abordado constantemente.
O tampão, ou terapia de oclusão ocular, é usado para prevenir ou para tratar a ambliopia. Ou seja, o tampão não corrige o desvio ocular. Ele é usado para treinar a visão dos dois olhos, impedindo que a supressão da imagem do olho com o desvio pelo cérebro cause prejuízos na visão binocular.
O tratamento padrão para o estrabismo é cirúrgico. Nos casos do estrabismo causado pela hipermetropia, o tratamento é feito com uso de óculos, que compensa o desvio.
4- O único tratamento para o estrabismo é a cirurgia
Mito
Embora a cirurgia de correção do desvio ocular seja o principal tratamento para o estrabismo, nem todos os tipos de estrabismo têm indicação para a cirurgia.
O estrabismo acomodativo é causado pela hipermetropia. O desvio ocorre para dentro. Entretanto, nesses casos é possível corrigir o estrabismo como o uso de óculos de grau.
Além disso, é possível tratar alguns casos de estrabismo com a toxina botulínica.
5- Crianças com síndrome de Down e outras síndromes genéticas têm mais risco de ter desvio ocular
Verdade
Cerca de 20% das crianças com Down apresentam o estrabismo. A maior parte, cerca de 40%, apresenta o estrabismo acomodativo causado pela hipermetropia. Muitas síndromes genéticas podem ter relação com os desvios oculares. Além disso, bebês prematuros e àqueles com paralisia cerebral também podem apresentar ou desenvolver o estrabismo.
6- Todo bebê entorta os olhos
Mito!
A visão é o último sentido do corpo a se desenvolver, ou seja, o sistema visual se desenvolve fora do útero. Até os 3 meses, é comum o bebê desviar o olho devido à imaturidade da visão. O desvio pode ocorrer em situações em que o bebê tenta focar uma imagem, por exemplo.
Entretanto, os desvios bem estabelecidos e fixos desde o nascimento não mudam e indicam o estrabismo. Portanto, o ideal é levar o bebê em um oftalmopediatra para uma avaliação mais apurada.
7- Desvio ocular em adultos pode estar relacionado com problemas neurológicos.
Verdade!
Não é comum adultos desenvolverem o estrabismo. Quando ocorre um desvio ocular na idade adulta ou até mesmo em adolescentes, é preciso investigar a causa.
Em geral, o estrabismo em adultos pode ter relação com doenças neurológicas, neuromusculares, doenças da tireoide, diabetes e traumas na região da cabeça.
Nos adultos, o cérebro não tem a capacidade de suprimir as imagens captadas pelos olhos, que são diferentes quando ocorre o desvio ocular. Portanto, o estrabismo em adultos causa a visão dupla, chamada de diplopia.
8- Crianças com estrabismo podem ter atrasos no desenvolvimento.
Mito!
O desalinhamento do eixo visual não tem qualquer relação com atrasos no desenvolvimento. Quando não é tratado ou quando está associado a um erro refrativo, como a miopia, pode ocasionar dificuldades escolares, principalmente na fase da alfabetização. Mas isso não é considerado atraso no desenvolvimento.
Por outro lado, quando a criança apresenta o estrabismo divergente constante, ou seja, aquele em que a criança desvia o olho para fora, em direção à orelha, é preciso investigar. Isso porque essa condição pode estar associada à paralisia cerebral ou a outras complicações no parto.
Como você viu, há muitos mitos que envolvem o estrabismo. A recomendação é levar o bebê em seus primeiros meses de vida ao oftalmopediatra para descartar o estrabismo.
Além disso, nessa primeira consulta o médico faz uma avaliação completa da visão que permite detectar, até mesmo, erros refrativos como miopia, astigmatismo e hipermetropia.
Quanto antes o desvio ocular é tratado, melhores serão os resultados no desenvolvimento visual da criança!