Estrabismo paralítico: tudo que você precisa saber
O estrabismo paralítico pode ser congênito ou ocorrer devido a problemas como um acidente vascular cerebral (AVC)
O estrabismo é uma condição oftalmológica caracterizada pelo desvio do eixo ocular. Os olhos podem se desviar em várias direções, sendo o desvio para dentro o mais conhecido, chamado de estrabismo convergente.
Uma das causas do estrabismo, principalmente na vida adulta, é a paralisia de nervos cranianos que atuam na região da face. A esse tipo de desvio se dá o nome de estrabismo paralítico.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra especialista em estrabismo, temos 12 pares de nervos que saem de partes da cabeça e se conectam ao cérebro. Alguns desses nervos comandam os músculos relacionados aos movimentos oculares.
“O III nervo craniano é chamado de oculomotor. Ele participa da função motora dos músculos que movimentam os olhos, pálpebras, pupila e o cristalino. O IV e o VI nervos cranianos também participam dos movimentos oculares. Por último, o V nervo craniano, mais conhecido por trigêmeo, comanda o tato facial e isso inclui a sensação do toque nos olhos”, explica a médica.
Paralisia dos nervos alteram o eixo visual
A paralisia é uma condição que afeta o nervo e todos os movimentos que dependem dele. “O estrabismo paralítico pode ocorrer quando há problemas no III, IV ou VI nervos cranianos. Normalmente, é mais prevalente em adultos e as causas estão ligadas a problemas vasculares, infecções e outras patologias”, comenta Dra. Marcela.
Entretanto, alguns tipos de estrabismo paralítico são congênitos, sendo a paralisia do IV nervo craniano a causa mais comum desse tipo de estrabismo na infância.
Estrabismo paralítico do III Nervo Craniano
De acordo com Dra. Marcela, a paralisia do III Nervo Craniano é extremamente rara na infância. “Esse estrabismo envolve muitos músculos responsáveis pelos movimentos oculares. O olho fica, praticamente, congelado. Não desce, não sobe e não se move para dentro, em direção ao nariz. O único movimento que o olho faz é para fora. Além disso, a pálpebra se fecha”.
Em geral, a paralisia do III Nervo Craniano está relacionada a quadros neurológicos como aneurisma, AVC e tumores, bem como em doenças metabólicas como o diabetes.
“Aqui vale ressaltar que o estrabismo paralítico do III nervo craniano pode ser um dos principais sinais de um aneurisma cerebral. O tratamento vai depender da causa, bem como se houve ou não resolução espontânea”, comenta Dra. Marcela.
Paralisia IV Nervo Craniano: o mais comum na infância
O estrabismo causado pela paralisia do IV nervo craniano é o mais comum na infância. Contudo, na maioria dos casos pode passar desapercebido pelos pais e até mesmo pediatra.
“O desvio desse estrabismo não é tão evidente, não afeta tanto a estética. O olho de desvia para cima quando a pessoa olha para baixo, é um estrabismo vertical. Nele, o olho parece estar um pouco mais alto”, explica a especialista.
Apesar de ser um desvio pouco evidente, existe uma característica bastante específica nesse estrabismo: o bebê ou a criança costuma virar a cabeça de lado para compensar o desvio e enxergar. É uma espécie de torcicolo.
“Felizmente é um quadro com ótimo prognóstico. O tratamento, basicamente, é cirúrgico para alinhar os olhos e apresenta excelente resposta”, aponta Dra. Marcela.
Paralisia VI Nervo Craniano
O estrabismo paralitico do VI Nervo Craniano é aquele em que o olho se desvia para dentro, pois a paralisia afeta o músculo que puxa o olho para fora. Em muitos casos, a paralisia leva a desvios muito grandes.
“Essa forma de estrabismo pode ser congênita, mas é muito raro. A forma adquirida é a mais comum. Na infância, essa paralisia está relacionada, na maioria das vezes, a quadros infecciosos gripais ou ainda após a vacinação”, diz Dra. Marcela.
Já nos adultos, as causas são diversas. Entre as mais comuns estão tumores de cabeça, AVC, alterações neurológicas, entre outras. “Felizmente, é uma paralisia temporária e de resolução espontânea. Caso não se resolva, é possível realizar a cirurgia de estrabismo para alinhar os olhos”.
Causas da paralisia dos nervos cranianos
- Congênita (quando a criança já nasce com o problema)
- Traumas cranioencefálicos
- Lesões nos vasos sanguíneos cerebrais (derrames, aneurismas, consequência do diabetes)
- Infecções
- Enxaquecas
- Tumores cerebrais
- Aumento da pressão dentro do cérebro
Quais são os sintomas de uma paralisia de nervos cranianos?
Quando a paralisia afeta os nervos cranianos responsáveis pelos movimentos oculares, os sinais e sintomas podem ser:
- Estrabismo
- Visão dupla (adultos)
- Ptose (queda da pálpebra)
- Dilatação anormal da pupila
Diagnóstico estrabismo paralítico
O diagnóstico do estrabismo é feito por um oftalmologista. Nos casos do estrabismo paralítico, o ideal é consultar um neurologista, especialmente em adultos com outros sintomas sugestivos de problemas mais graves, como um AVC ou aneurisma.
Quanto ao tratamento, cada um dos tipos de estrabismo paralítico tem indicações diferentes de tratamento, de acordo com a causa, idade do paciente e doenças sistêmicas.